A criação de regras, de prescrições e proibições, seja para a comida mas também em relação a outras actividades – ao casamento, ao parentesco, à política, etc – faz parte da chamada natureza humana. Estas razões levam a que cada vez mais antropólogos se dediquem à antropologia da comida ou da alimentação. Em vários livros podemos constatar as diferentes visões de diferentes antropólogos.
"Vacas, porcos, guerras e bruxas: os enigmas da cultura", é um livro do norte-americano Marvin Harris que afirma que a criação de suínos seria uma actividade incompatível com o nomadismo dos pastores judeus dos desertos: os porcos alimentavam-se diariamente, ao contrário dos animais ruminantes, isto segundo o Velho Testamento. A proibição seria, assim, uma forma de se impedir o consumo de uma carne cuja criação era inviável economicamente para o grupo.
Já no livro "Pureza e Perigo", para a antropóloga Mary Douglas, a proibição do consumo de carne de vaca nos judeus é de origem simbólica e não uma prática de origem utilitária como propõe Marvin Harris. Baseada nos textos do Velho Testamento, associa a restrição da carne de porco a um conjunto de valores da religião judaica dos quais fariam parte noções de santidade e de integridade. A partir desses valores é que os animais eram classificados como bons para consumo, e os ruminantes e animais de casco fendido tais como carneiros e cabras não deviam ser comidos.
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