Jun 30, 2007

Soja-Uma Planta Milenar


A soja é uma leguminosa de origem asiático conhecida há mais de 5000 anos, constituindo até aos nossos dias a maior fonte de proteínas da dieta dos povos orientais. Apesar de se ter espalhado por toda a Ásia e de ter começado a ser usada na alimentação humana há cerca de 3000 anos, a soja só chegou à Europa no século XVIII, e só no século XX começou a ser cultivada para fins comerciais pelos EUA, onde é hoje a principal fonte de matéria-prima para a extracção de óleo vegetal comestível.
Contudo, apenas nos últimos 30 anos a soja assumiu o seu lugar como substituto viável e definitivo dos derivados de amendoim, milho e algodão (enquanto alternativas à gordura animal), do leite de origem animal ou mesmo dos sumos de frutas, farinhas e complementos alimentares.
Actualmente podemos encontrar a soja em grãos, em óleo, sob a forma de leite de soja líquido e em pó, farinha e proteína texturizada (granulado), etc.
Conscientes dos seus benefícios relativos, os consumidores do século XXI renderam-se à soja e seus derivados, cuja utilização actual vai das sopas industrializadas aos bombons, passando pelos gelados, iogurtes, hambúrgueres, pratos congelados, pães, massas e biscoitos.

Os Grandes Marcos da História da Alimentação


A alimentação transformou-se rapidamente num dos muitos rituais comuns aos seres humanos...


Antes da Era Cristã
10.000 a.C. – Primórdios da Agricultura; cultivo de cereais e fabrico rudimentar de pão; sal, peixe e arroz já são usados na alimentação;
8.000 a.C. – lentilhas;
7.000 a.C. – feijões;
6.500 a.C. – Domesticação generalizada do gado, embora já existisse gado caprino e porcino doméstico desde 9.000 a.C. e 7.000 a.C. respectivamente;
6.000 a.C. – queijo e milho;
5.500 a.C. – mel e açúcar de cana;
5.000 a.C. – azeite e abóboras;
4.000 a.C. – uvas, laranjas e melancias;
3.600 a.C. – pipocas;
3.200 a.C. – domesticação das galinhas;
3.000 a.C. – sopa, cevada, cenouras, ervilhas, favas, cebolas, pimenta;
2.800 a.C. – rebentos de soja;
2.700 a.C. – chá;
2.600 a.C. – cogumelos;
2.500 a.C. – batatas;
2.000 a.C. – alfarroba;
1.500 a.C. – amendoim e chocolate;
1.000 a.C. – pepino e pickles;
900 a.C. – tomates verdes;
600 a.C. – couves;
500 a.C. – salsichas e alcachofras;
400 a.C. – pasta e beterraba;
300 a.C. – bananas;
200 a.C. – espargos;
65 a.C. – marmelos.

Depois de Cristo
100 d.C. – mostarda, pudins, morangos, alcaparras, nabos, gelado;

200 d.C. – sushi;
600 d.C. – beringela;
700 d.C. – espinafres
900 d.C. – bacalhau;
1.000 d.C. – nêsperas;
1.300 d.C. – introdução do açúcar em Inglaterra, a partir do Médio Oriente; hambúrgueres e waffles;
1.500 d.C. – agrião e panquecas; lagosta, perú, abacate (entre outros) começam a ser trazidos do Novo Mundo para a Europa;
1484 d.C. – cachorro quente;
1493 d.C. – introdução de ananás na Europa;
1517 d.C. – introdução de batata doce na Europa;
1529 d.C. - introdução de baunilha na Europa;
1544 d.C. - introdução de tomate na Europa;
1554 d.C. – queijo Camembert;
1615 d.C. – introdução de café na Europa;
1.800 d.C. – batatas fritas e bolachas de água e sal (crackers);
1747 d.C. – açúcar de beterraba;
1756 d.C. – maionese e molho tártaro;
1762 d.C. – sanduíches;
1765 d.C. – 1.º restaurante do mundo abre em Paris
1767 d.C. – água com gás;
1819 d.C. – spaghetti;
1830 d.C. – refrigerantes;
1850 d.C. – marshmallows;
1856 d.C. – leite condensado;
1868 d.C. – molho Tabasco;
1869 d.C. – sopa enlatada Campbell;
1870 d.C. – margarina;
1876 d.C. – Heinz Ketchup;
1886 d.C. – Coca-Cola;
1889 d.C. – Pizza (como a conhecemos hoje em dia);
1890 d.C. – manteiga de amendoim e chá Lipton;
1896 d.C. – Chop Suey;
1906 d.C. – atum em lata;
1904 d.C. – banana split;
1905 d.C. – chupa-chupas;
1906 d.C. – Corn Flakes Kellogg’s;
1913 d.C. – Bolachas Oreo;
1917 d.C. – Donuts e Vichyssoise;
1924 d.C. – comida congelada;
1936 d.C. – barra de chocolate Mars;
1938 d.C. – Nescafé (1.º café solúvel instantâneo);
1941 d.C. – M&Ms;
1955 d.C. – 1.º Restaurante MacDonald’s;
1959 d.C. – gelado Haagen-Dazs;

Jun 29, 2007

Ortorexia: Obsessão por alimentos saudáveis!


A ortorexia é um distúrbio alimentar ainda pouco conhecido.

A doença caracteriza-se por uma preocupação exagerada com o tipo de alimentos consumidos. Os ortoréticos acreditam que apenas as comidas saudáveis – vegetais, cereais, ausência de carnes ou enlatados – fazem bem ao organismo.
Embora já estejam comprovados os benefícios deste tipo de alimentos, os ortoréticos acabam por prejudicar a sua própria saúde por levarem a rigidez alimentar ao extremo.
Perdendo parte do seu dia com esta preocupação o ortorético não mede esforços para comprar seus alimentos: percorre longas distâncias e paga valores muito superiores ao dos alimentos comuns.
Além disto, estes indivíduos se recusam a comer na casa de amigos e parentes por não saberem o que será servido. Quando deixam de cumprir com seus objectivos, são tomados por grande sentimento de culpa e em seguida tornam-se ainda mais radicais, o que aponta o carácter doentio de seu comportamento.
Alguns estudiosos do assunto acreditam que a ortorexia possa ser um desdobramento da anorexia.
A ortorexia pode acarretar graves prejuízos à saúde, caso não se substituam os alimentos que evita consumir por outros que lhe ofereçam o mesmo complemento nutricional (anemia, carência vitamínica…).
Mas este distúrbio não acarreta apenas danos físicos. No campo social acaba por desencadear um certo isolamento social.A alimentação saudável e natural é muito útil à saúde. Mas quando esta forma de alimentação torna-se uma obsessão, pode gerar prejuízos físicos e psíquicos.

Apr 30, 2007

Vomitórios da antiga Grécia


A Idade Antiga é caracterizada pelos grandes “banquetes”. O apogeu
dessa época é marcado pela riqueza e, trouxe hábitos exagerados de comer e
beber. A história da alimentação na Idade Média é marcada pela actuação dos monges, com notáveis conhecimentos culinários associados à riqueza e fartura da Igreja Católica. Esta expansão de conhecimentos culinários passou à exuberância e à expressão dos prazeres gastronómicos (DÓRIA, 2002).

O padrão alimentar burguês, nascido na Idade Contemporânea, é marcado pela internacionalização da cozinha, onde pratos regionais se misturam com os clássicos de outros países. Mantêm-se os “excessos” que já se encontravam presentes desde os tempos primórdios da civilização. Como afirma Dória (2002) “Já no seu nascedouro a gastronomia é uma perversão: não visa saciar a fome e projecta-se como promessa prazerosa escondida além da saciedade”. Nesta época foram introduzidos na Grécia os vomitórios, para possibilitar a continuidade dos excessos à mesa (FLANDRIN e MONTANARI, 1998). Os vomitórios eram então usados em banquetes de grande apogeu social e serviam para intercalar episódios de grande voracidade alimentar. Caso os convidados não comessem até não poderem mais era considerada uma grande falta de respeito e educação.

Etilogia da Ingestão

Qualquer acto de ingestão de alimentos tem uma etiologia multifactorial, nomeadamente relacionada com o contexto sociocultural em que o individuo se encontra.
Um dos assuntos mais controversos está relacionado com a actual imagem de beleza aquando se dá uma extrema valorização do corpo magro e uma grande importância à aparência física e fisiológica. Assim assiste-se hoje a vários riscos decorrentes da prática indiscriminada de dietas de emagrecimento, estimulada por familiares, amigos, profissionais e pelos “media”. Portanto, aqueles profissionais, como alguns nutricionistas, endocrinologistas e outros, que prescrevem dietas restritivas, precisam de ser esclarecidos quanto aos riscos, uma vez que tais orientações desconsideram os medos e receios relacionados aos alimentos e ao corpo, ignorando, assim, a subjectividade envolvida e a influência exercida pelo contexto próximo. Uma prática impositiva, como as dietas restritivas, não contribui para as mudanças necessárias, que devem ocorrer de forma saudável e positiva pela mudança do comportamento alimentar. É a reeducação alimentar a proposta nutricional mais adequada e que tem apresentado melhores resultados. Assim, os profissionais da área de saúde deveriam ser preparados para orientar seus pacientes em direcção a uma prática alimentar saudável. Para isso, fazem-se necessárias mudanças na formação dos profissionais de saúde, sendo preciso uma humanização dos cursos e um trabalho integrado entre os profissionais envolvidos na assistência ao paciente com transtorno alimentar (nutricionistas, psicólogos e médicos).

Apr 16, 2007

Carências Nutricionais e Factores culturais


Factores culturais podem conduzir a carências alimentares e impedirem uma escolha adequada de alimentos para uma dieta balanceada. Como exemplo temos os Brasileiros e a Hipovitaminose A.

A selecção de alimentos é muito complexa e influenciada por muitos outros factores além do acesso aos alimentos e o conhecimento de nutrição. Embora se saiba que quando os alimentos não estão disponíveis é bem provável que ocorra deficiência, por outro lado, a abundância não assegura óptima nutrição devido ao componente comportamental que determina a escolha dos alimentos.

A carência de vitamina A é considerada uma dos maiores problemas nutricionais em Saúde Pública no Brasil. A ingestão inadequada de alimentos fonte de vitamina A é o principal factor etiológico da carência desta vitamina e a sua exclusão ou baixo consumo estão mais relacionados com questões culturais e hábitos alimentares do que a factores económicos.

Alguns estudos têm demonstrado a associação entre factores relacionados a tabus e a exclusão de alimentos importantes, como os de fonte de vitamina A, principalmente os de origem vegetal, considerados como os mais acessíveis do ponto de vista financeiro. O uso de vegetais na alimentação do brasileiro é reflexo dos padrões culturais. Os índios brasileiros não davam importância aos vegetais verdes. O uso de vegetais, característicos da cozinha africana, foi introduzido no Brasil pelos escravos negros.

A base da dieta tradicional do Nordeste Brasileiro – arroz, feijão e farinha de mandioca – é extremamente pobre em vitamina A.

Trabalhos realizados em diferentes regiões do Brasil revelam que os alimentos fonte de vitamina A são alvo de várias crenças, proibições e tabus alimentares, e que muitas vezes estão relacionados a momentos fisiológicos de grande importância, sob o ponto de vista nutricional, tais como: gestação, lactação, desmame e os primeiros anos de vida da criança.

Índios Guaiaqui


Curiosidade: Para os índios Guaiaqui, no Paraguai, um tabu alimentar funciona como um elemento estruturador da sociedade. Este grupo acredita que é proibido ao caçador consumir carne de suas próprias presas, porque ao comer os animais mortos por eles próprios ficariam incapazes de caçar novos animais. Assim, o produto de sua caça é distribuído e trocado com os outros membros da comunidade. Estabelece-se assim uma relação negativa entre o caçador e o produto de sua caça. Desta forma, todos os homens são colocados na mesma posição, e a reciprocidade do dom da alimentação mostra-se a partir daí não apenas possível, mas necessária. Os indivíduos são obrigados a prescindir dos animais que caçam, e a confiar nos outros membros da sociedade, permitindo
assim que o laço social se estabeleça. Os indivíduos perdem autonomia, mas a sociedade ganha força já que a separação do caçador de sua caça torna a união entre os caçadores mais forte.